Quando a vida vale a pena

A vida vale a pena quando a carne treme, a boca seca e sobem as taxas de cortisol. A dor é privilégio dos vivos, dos que carregam paixões... Vida sem paixão não entendo que exista. Eu gosto dessa energia que atravessa o sistema nervoso, da causa maior que nos tira o sono, do tic-tac do relógio, do calor do sol, do cheiro das pessoas e do ruído das máquinas.

Na vida, tal como na escrita, não devemos nos insinuar, nem nos escondermos atrás de gestos e termos infecundos. As palavras devem ser como navalhas e o bom poema deve escorrer sangue.

Às vezes penso em José, no seu olhar firme e sereno durante a guerra e então concluo: mesmo a verdade mais evidente só pode triunfar através da força da espada. E assim a vida seguirá sendo até o fim desta época.