Seja renitente ao que não lhe é auspicioso

Aqui estou

Oitavo andar

Prestes a me jogar

O fim infalível está ao meu alcance

Apenas um medo sombrio me restou

Esta voz não quer se calar

Insiste que não é assim que vai acabar

Toda minha vida vem em um relance

E a velha dúvida de para onde vou

Por que não?

Por que é pecado e não vou pro céu?

Pelo medo do desconhecido que virá?

Pela sensação de que irei decepcionar?

Ora! O mundo é imundo! Essa é a razão

É minha decisão, sou meu próprio réu

O meu julgamento a mim caberá

É minha a decisão de parar de jogar

Alto lá

Não me interessa nenhum ensinamento

Eu não vou é me dar por vencido

Essa merda toda nem é uma competição

Não serei apenas mais um a me lançar

Para servir a um vil entretenimento

E vocês se deliciarem com o acontecido

Ao verem mais um frouxo jogado ao chão

De volta a realidade

Ainda que longe do ideal

Me recuso a dar o que tanto desejam

Pois sou um rebelde por natureza

Vou viver mais três vezes minha idade

O oitavo andar volta a ser apenas o hall

Os pensamentos agora me excitam

Quero do mundo, toda sua beleza

Descendo as escadas

Volto pensar em todo esse momento

Onde quase cedi aos massacres da vida

Causados por um mundo covarde

Chego a cambalear em minhas passadas

Quase sucumbi ante a esse tormento

Graças a um instinto, retornei antes da ida

Só pelo prazer de ser renitente!