A POESIA LIVRE

(diante dos sentidos e dos olhos a vida humana se fragmenta em retalhos...)

O que seria da poesia sem os poetas?

Ela seria livre.

Não estaria aprisionada na grafia dos poemas. E assim, solta das nossas

Amarras, a poesia continuaria persistindo e provocando os poetas

Nas superfícies ou nas profundidades

Do universo de todas as coisas,

De todas as formas,

De todas as cores,

De todas as realidades:

O pulsar intenso de intensos sentimentos,

O caminhar sem oriente de muita gente,

A marca profunda em tantos rostos cansados,

A canção da alegria na paz das manhãs,

O reboliço de povos e de borboletas debaixo do sol,

O amor se abrindo na flor da juventude,

Um olhar que encontrou abrigo noutro olhar e geraram quatro olhos puros,

A suavidade da brisa entrando pelas cortinas da manhã,

Um choro escondido de muitas almas na aventura da vida,

Uma noite sem o brilho de muitas estrelas,

O céu que se espraia em infinitos horizontes e sempre nos protege,

A vida guardada nos segredos da semente,

A despedida na tarde de chuva,

A lágrima no lenço,

O homem absorvido nas ruas do destino,

O sorriso gratuito da vida,

A existência que se revela no milagre do ser,

Os cabelos brancos e a calvície e os netinhos e os sorrisos dos velhos,

O cafezinho quente e fumegante em dia de inverno (ou de qualquer estação),

O frio das almas frias na Iniquidade Sociedade Anônima,

As almas encarvoadas dos cidadãos - operários - da- pátria,

As metálicas máquinas multiplicando dólares, liras e euros,

O grito agudo perdido no espaço das indiferenças,

A Matrix dos poderosos formatando homens,

As caminhadas de tantas muletas,

A fome sem pão dentro da nação,

A mentira consolidando os poderes,

O crime sendo celebrado nas vielas imundas da impunidade,

Uma esquina cúmplice onde se esconde um político,

O ar poluído pelos odores pútridos dos tiranos,

O chão duro neste deserto de sacrifícios e de sal,

O mar e a realeza do mar e a força majestosa de todos os oceanos!

A força frondosa dos velhos carvalhos,

A fé que fortalece diante das tormentas,

A oração suplicante de tantas vozes peregrinas,

Uma vara sozinha e um cajado solitário...

A grandeza do gesto solidário,

O pão repartido por mãos irmãs,

Uma ciranda matinal vestida de crianças,

Um vaso de óleo ungindo os santos,

Um caminho antigo aberto entre muitas águas,

Um segredo... Um mistério que se esconde no silêncio,

Uma voz clamando num deserto...

Os olhares de muitos em muitas direções,

Os olhares perdidos no sono embriagado das doutrinas,

O tempo gasto no desgaste de tudo,

A liberdade prisioneira de mil sistemas,

As rosas tristes nos jardins mutilados,

Um cântico juvenil da esperança!

Os anjos que virão no tempo da tarde,

Os anjos que reconstruirão os jardins das crianças aladas,

Um segredo... Um salmo que ainda cantará...

Uma poesia que busca a liberdade no mistério da vereda santa...

Um canto livre como livre são os pássaros nos caminhos do sol,

Uma poesia livre como livre é o pensamento na construção dos sonhos,

Uma poesia livre como livre é a fragrância das flores,

Uma poesia livre como livre é o espírito do homem

[que caminha em busca da Luz.

Sidnei Garcia Vilches (22/09/2013)

Sidnei Garcia Vilches
Enviado por Sidnei Garcia Vilches em 21/05/2023
Código do texto: T7794042
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