INCÓGNITA

O que é isto que antes de me orientar

Incompreendidamente, me conecta e lança

Perdido ao acaso do vento; triste fragmento no ar

Iludidamente, sem oxigênio para alimentar esperança.

O que é isto que marca os passos de quem sonha

Rouba a voz de quem outra realidade clama

O direito irrefutável de respirar um espaço

Onde a lua seja mais iluminada e o sol menos opaco.

O que é isto que no mistério de seu nome

Faz cair ricos e pobres menos a máscara da morte

Imunizando sem censura quem subtrai e some

Socializando na vida apenas a miséria e nunca a sorte.

O que é isto que escraviza o bem e liberta o mal

Protagonizando o império de trevas ao invés de luz

No extremo trópico ocidental ou árido oriental

É sempre acidentalmente incógnita que seduz.

POEMA: ANTONIO GUSTAVO