TENHO COMIGO

Tenho comigo as míseras utopias

Uma a uma incomodadas e reunidas no cemitério

Aprendendo com a arte das despedidas

O que se some e não soma hemisfério a hemisfério.

Tenho comigo noites mal dormidas

Da insônia o escolhido pelos sonhos não sonhados

De abertas feridas por felicidades adormecidas

Dos encontros o tolo por todos desencontrados.

Tenho comigo o sabor do fim dos dias

A experiência inescrutável dos itinerários

Percalços inúmeros a atrapalhar nossas vidas

Com fiel apoio dos desumanos reacionários.

Tenho comigo as bondade reduzidas

Para os cegos que ainda inventam razões de ser nos fardos

Sem fazer motivo algum para ver traduzidas

No bem, justiça e liberdade a face maltratada dos fatos.

POEMA: ANTONIO GUSTAVO