Patinadora

Você desliza sobre o gelo,

rodopia em giros concêntricos,

busca a perfeição dos deuses,

atos sem erros identificados,

não existe um cronômetro,

só o nascer e o pôr do sol,

na rotação em torno da lua,

astrolábio da posição humana,

brilho eterno em sua mente,

intensa e cheia de sentidos,

tentando acalmar os ruídos,

batidas aceleradas do coração,

na vagarosidade do orvalho,

há uma magia inexplicável,

o patins risca o frio inóspito,

sua silhueta eleva na paisagem,

parece voar a cada movimento,

um anjo caído na natureza vã,

na suavidade do curto momento,

em um show solitário sob o luar,

em um silêncio perfeccionista,

há quase uma jogo de esgrima,

seus patins brancos como a neve,

perfazem uma coreografia leve,

há um encantamento singelo,

como em um filme biográfico,

mudando a direção do vento,

entendendo o próprio corpo,

no compasso de idas e vindas,

seu sorriso é discreto no limite,

sabes bem que conseguistes,

não terás troféus ou medalhas,

somente seu testemunho de glória...