Sorrisos cínicos

Abro os olhos,

respiro fundo,

madrugada cheia,

silêncio na cidade,

as ruas vazias,

os carros parados,

olho fotos no celular,

não consigo dormir,

não consigo acordar,

preso estou no tempo,

do presente ao passado,

dos anos 80' ao Orkut,

insônias prolongadas,

bate-papos no MSN,

risos e carinhos trocados,

esquecimentos e memórias,

idas e voltas me deixam zonzo,

há apagões na narrativa da ficção,

uma máquina de reviravoltas,

entre sonhos e realidades estimadas,

no eterno "e se..."

o que teria acontecido?

O que teríamos vivido?

Como estaríamos?

Seríamos felizes?

Qual seria nossa jornada?

Não preciso de uma camisa de força,

nem passarei meus dias no manicômio,

são delírios poético melancólicos,

na saudade de tempos que não voltam,

saudade de quando acreditava em essências,

que sendo cegos todos tocaríamos as almas,

que sendo cegos todos tocaríamos os corações,

que sendo cegos todos tocaríamos os sentimentos,

mas os olhos sempre estiveram no controle,

a consciência sempre foi inimiga da conexão,

e no fim somos todos grandes hipócritas fingidores,

depositem seus sorrisos cínicos na caixa ao lado...