Torto vivo
Eis mais uma lembrança suicida
Descasca cada metro dessa ferida
Aqueles dias sorridentes e paradoxalmente, irritantes.
Ressuscitava, nas orgias mentais do dia-a-dia.
A energia triunfante
Da presença diária que sobrevivia.
Atos, socialmente, alarmados e executados
Feito um corpo com seus dentes, ferozmente, arrancados.
O sangue jorra e cessa.
A alegria que em outrora nasceu
Agora morre, és tempo de dor e nada de conversa.
Dialética fria de instabilidade que te fodeu.
A mãe chora!
A lágrima mortífera montou seu palco agora
És o momento de sangue quente
Sede insaciável de vida e eternidade
Doentios desastres de uma sociedade demente
Cuspida no corpo rígido e belo de frialdade.
A gravata está torta!
Gritam silenciosamente: “- Ajeita-te por favor, seu bosta”.
A vela desgasta-se por um vão.
A multidão exala um vácuo sem saber o que virá
Feito um cão
Devoram a dor alheia em meio ao soluçar.
O deus verme já ordenou:
“O cardápio está na mesa. O banquete chegou”
Os talheres estão limpos
És perpétuo e nem saberás como lidar
O vinho branco foi servido
Fujam que o relógio, seu plano, executará.