O MENINO DO SACO II

Petrificado qual estátua,

Numa camisa encardida, apertada.

Parecendo não pertencer à paisagem

Que por trás se avistava.

Pele branca. Cabelos bem loiros,

Qual espiga de milho embonecada.

Calção desbotado. Pés preguiçosos,

Enterrados na terra avermelhada.

Parecia não ter pressa.

Tudo se escondia. Que mormaço!

Deixando o telhado para o sol

Desfilar ao encontro do ocaso.

Carroceria cheia de treco.

De um carro desengonçado.

Da cabine um homem desce

Indo até o menino do saco.

As palavras são poucas.

O saco muda de lado.

O homem volta sorrateiro

E o menino sai cabisbaixo.

É que teve tanto trabalho.

E o que recebeu, então?

Nenhum valor foi lhe dado

Fiado ficou. E o pão?

O pai sob sete palmos.

Na taipa, a mãe e seis irmãos,

Somente ele qual galinha

Responsável por cada grão.

Esperavam que levasse

O sustendo do ‘borralho’.

Mas, ouviu apenas: - Noutra quebra,

Terás o dinheiro acertado.

Ione Sak 20/05/16

Ione Sak
Enviado por Ione Sak em 20/05/2016
Código do texto: T5641715
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