Travessia - O avesso

... E do espelho ovalado

Um mundo inverso lhe esperava.

Sem promesas

Sem sonhos

De uma mente adormecida,

Apenas o imaginário.

Era segredo, dessegredado

Contado aos sete ventos

Que a menina a muito enloucara,

E ela louca se ria

Dançando uma sinfonia

Que apenas ela ouvia.

E a cada dia

Feita de sorrisos,

De pés descalços

Transpunha o umbral

Para um lugar que só na sua cabeça existia,

Excedia ao tempo,

Lograva  a vida,

Era a sua travessia.

Quem acreditaria que a verdade era aquela

Que a cada viajem um pouco dela transcedia?

Mas...

Mataram seus sonhos

Roubaram seus devaneios.

E os risos

Agora perdidos

Foram diminuindo...

Seu reflexo aos poucos sumindo,

Na transformação de uma vida vazia.

Apenas uma leve imagem ficava,

Do que fora outrora a pobre menina.

Que espelho era aquele?

Que  vida era aquela?

E quando enfim a loucura repousara

E a lucidez aos poucos retornara,

Findou a imagem retorcida,

desvaneceu-se a menina.

Qual sopro de vela

Tal fogo de palha

Agora apenas rugas...

A morte lhe espera.

Tânia Mara Paula
Enviado por Tânia Mara Paula em 19/10/2016
Reeditado em 22/04/2021
Código do texto: T5796068
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