Ônibus
Engraçado como num ônibus,
as coisas não saem como o esperado.
Não são planejadas.
Todo dia é um novo dia.
Sento,
paro e
reflito.
Tenho a sensação de que alguém irá
pedir o meu lugar.
Mas nada acontece.
Até que ela chega.
Passa pela catraca,
o mundo para.
É um novo dia,
uma nova emoção,
nunca senti nada semelhante.
Ela sorri para a trocadora;
irradiante,
estonteante.
Eu já tenho a certeza que nada será como antes...
Tão simples,
tão bela.
Oh balela!
O garotão aqui está apaixonado.
Platão tinha razão.
À vista!
Nenhuma terra.
E sim,
a bela.
A mais bela.
do ônibus,
dos ônibus,
da rua,
das cidades,
da minha,
da sua,
vida.
Crio coragem para abordá-la.
Levanto.
Sento.
Penso de novo.
E desisto.
Talvez se não pensasse e agisse,
já estaríamos conversando.
Quantos minutos se passaram?
Sendo franco.
Fui baleado.
Ela levanta,
passo-a-passo,
se afastando.
É agora.
É a hora.
Ou me calo ou falo.
Ela desce e vai embora.
Que triste melancolia.
Mas enfim,
amanhã é um novo dia.