Ônibus

Engraçado como num ônibus,

as coisas não saem como o esperado.

Não são planejadas.

Todo dia é um novo dia.

Sento,

paro e

reflito.

Tenho a sensação de que alguém irá

pedir o meu lugar.

Mas nada acontece.

Até que ela chega.

Passa pela catraca,

o mundo para.

É um novo dia,

uma nova emoção,

nunca senti nada semelhante.

Ela sorri para a trocadora;

irradiante,

estonteante.

Eu já tenho a certeza que nada será como antes...

Tão simples,

tão bela.

Oh balela!

O garotão aqui está apaixonado.

Platão tinha razão.

À vista!

Nenhuma terra.

E sim,

a bela.

A mais bela.

do ônibus,

dos ônibus,

da rua,

das cidades,

da minha,

da sua,

vida.

Crio coragem para abordá-la.

Levanto.

Sento.

Penso de novo.

E desisto.

Talvez se não pensasse e agisse,

já estaríamos conversando.

Quantos minutos se passaram?

Sendo franco.

Fui baleado.

Ela levanta,

passo-a-passo,

se afastando.

É agora.

É a hora.

Ou me calo ou falo.

Ela desce e vai embora.

Que triste melancolia.

Mas enfim,

amanhã é um novo dia.

Marquês de Verona
Enviado por Marquês de Verona em 13/04/2017
Código do texto: T5970092
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