Pororoca

Ela é tão rasa

Um rio de águas claras...

Vejo minhas unhas do pé

Mal bate em meus joelhos

Enquanto eu profundo

Um mar escuro

Me afogo

Em mim mesmo

Num encontro de ondas

A chamada pororoca

Eu

Ondas perturbadas

Ela

Ondas imperceptíveis

Insisto

Com as pernas

Com as ondas

Com o seio

Com as cordas da voz

Juro que tento fazer com que saia melodia

Mas falta o ritmo

O balançar das ondas

Parece apenas

Uma tempestade a vir

E quando cessa

As preliminares desta

Sou apenas

As trovoadas que ameaçam os barcos

Acompanhando a lua

Sigo intenso

Um mar louco

O mais louco

Para este encontro

Deste rio tolo

Que confunde o mar

Que afasta o mar

Que enrotina o mar

Ela tão rio

Riu de mim

Quando mar chora

Quando mar cessa

Quando mais choro

Quando cesso o encontro

Ela riu

Saindo pela areia

Quando eu mar

Abaixei a maré

Porém no outro dia

A pororoca voltou

Com ondas que pareciam afagos

E o mar cedeu

Apreciou o encontro de águas loucas

Profundas

E águas rasas

Calmas

Ela

Tão rasa...

Eu

De tão profundo,

Me afogo em mim

Todos os dias

E se minhas ondas não voltarem mais à superfície?

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 22/04/2017
Código do texto: T5978365
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