Terminal de ônibus

Por vezes quando meu peito

Sente ser sufocado por algo semelhante

A uma mão rebuscada de ódio

Nesse lugar me sento

E no nada me concentro.

Fico apenas a observar,

Horas de barulho interrompidas

Por um súbito um silêncio,

Que chega incoerente

E muito mais me ensurdece

Que os incessantes 120 minutos de ruídos.

Centenas de pessoas a passar.

Vidas de + correndo em

Um raio de - de 1km².

Tomo nota de tantas possíveis dores,

Que meus sentimentos não parecem nobres,

E tão pouco importantes.

O problema é que em um desses dias

Que nesses bancos me sentei,

De tão renegados,

Meus sentimentos me abandonaram.

Em meio a olhares que transpareciam vontades.

Bocas convictas que proferiam estupidez,

Silêncios inteligentes que demonstravam verdades,

Caricias que revelavam amores,

Abraços apertados que esmagavam saudades,

Ombros abatidos que atestavam exaustão,

Respirações ofegantes que refletiam inquietudes,

Vi meus sentimentos dissiparem-se pelo ar,

Sem rumo ou direção.

E desde então,

Me sento aqui todos os dias

Esfregando os olhos num esforço vão

De clarear a mente.

Esse lugar me deprime,

Mas continuo a visita-lo.

Afinal para uma alma vazia,

Esse lugar é só um resumo

Do que é a vida.

Aline do Amaral
Enviado por Aline do Amaral em 24/04/2017
Código do texto: T5979707
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