Terminal de ônibus
Por vezes quando meu peito
Sente ser sufocado por algo semelhante
A uma mão rebuscada de ódio
Nesse lugar me sento
E no nada me concentro.
Fico apenas a observar,
Horas de barulho interrompidas
Por um súbito um silêncio,
Que chega incoerente
E muito mais me ensurdece
Que os incessantes 120 minutos de ruídos.
Centenas de pessoas a passar.
Vidas de + correndo em
Um raio de - de 1km².
Tomo nota de tantas possíveis dores,
Que meus sentimentos não parecem nobres,
E tão pouco importantes.
O problema é que em um desses dias
Que nesses bancos me sentei,
De tão renegados,
Meus sentimentos me abandonaram.
Em meio a olhares que transpareciam vontades.
Bocas convictas que proferiam estupidez,
Silêncios inteligentes que demonstravam verdades,
Caricias que revelavam amores,
Abraços apertados que esmagavam saudades,
Ombros abatidos que atestavam exaustão,
Respirações ofegantes que refletiam inquietudes,
Vi meus sentimentos dissiparem-se pelo ar,
Sem rumo ou direção.
E desde então,
Me sento aqui todos os dias
Esfregando os olhos num esforço vão
De clarear a mente.
Esse lugar me deprime,
Mas continuo a visita-lo.
Afinal para uma alma vazia,
Esse lugar é só um resumo
Do que é a vida.