A muitas mãos

Na casa da farinha

O branco ouro

Não brota só da terra;

Brota do suor

Da dura lida.

As mãos não param:

Descascam, ralam...

A moenda abafa

Os sonhos, os desejos...

O doce embalo...

Não há tempo.

Calejada a alma

Que só se acalma

Quando se entrega ao sono.

Não mais o ouro

Do branco leite

Jorrado das negras mãos.

Ao senhor os louros!

Às mãos escravas

A triste certeza

Que a lida é dura

Ao romper do dia.

Cida Micossi e Marcia S Cardozo
Enviado por Cida Micossi em 12/05/2017
Reeditado em 21/04/2022
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