A poesia e o liquidificador

O que tem para fazer

o feriado

a TV

o que tem de comprar

o que pode esperar

ir ou não no mercado

desaparecer ou não no sofá

Meu olho vê no mesmo lado da pia

um corredor entre a poesia

o liquidificador

e a maquina de lavar

o que eu posso fazer?

O que tenho de ser?

Quanto tenho

ou quantas horas, minutos, e segundos eu vou viver?

Que falta faz

um botão "editar tudo"

o universo incluso

as coisas ao redor e lá fora

até o tempo se disfarçando

exatamente agora

Tudo

A dose diária de lixo

a poeira que temos de trocar de lugar

a dor das pessoas

o tanto faz

o meu andar quieto

a minha procura de silêncio

até a guerra para manter o meu acordo de paz

sanidade

e distância

do mundo.