PUTA

Meus cílios postiços

Disfarçam meu olhar incompreendido

O que é que a sociedade tanto quer?!

Hoje coloquei meu vestido mais bonito

O mais despido

E me olharam como se fosse proibido.

Não entendo

E ainda, me surpreendo com essa contraditoriedade.

A vaidade não existe em vão.

Eles, que tanto valorizam a aparência!

E, eu, com minha carência

Só queria valorização.

Vulgar, esse é nome que dão

Para minha tentativa de aceitação.

Meu rosto pintado

Talvez um pouco exagerado

Só queria deixar de ser rejeitado

Pela discriminação.

Escondo um rosto esquecido,

Meu rosto verdadeiro que deixei de lado,

Para dar lugar a um rosto que realmente seja valorizado.

De puta me chicoteiam

De puta me discriminam

De puta me nomeiam

Sem reconhecer a luta que é viver

Deixando de ser

Quem eu sou.

2018

Júlia Sartório de Sá
Enviado por Júlia Sartório de Sá em 17/05/2018
Código do texto: T6338649
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