"Mais Valia"

"Mais Valia"

Tudo que vejo às seis da manhã

É uma manada entorpecida de um sono mal dormido

Apressada de um forma tão vã

Correndo só para poder dizer ter cumprido

Com o horário capitalista

Com um hábito que beira o moralista

Que é se permitir à "mais valia"

Ser explorado de forma bem fria

E agora, sem direitos trabalhistas

Que ao menos poderia ser um alento

Para, num melhor momento

Mesmo que por um instante, a vida melhorar...

E deu-se fim à aposentadoria

É, de novo, a implementação da "mais valia"

Exige-se que se trabalhe uma vida inteira

É da loucura esquizofrênica do capital, só a beira

Tira-se o direito do dominó gostoso

Do fim de tarde do coitado do idoso

Porque ele tem de trabalhar...

E quem legisla em causa própria se exime

Simplesmente ficou de fora

Somente alguns anos de mamata

Pra logo chegar a hora

De poder se mandar

Pra Guaratiba, Angra dos Reis ou Guarujá

E de lá poder de sua lancha possante

Observar este povo ignorante

Que nunca mais

Há de parar de trabalhar!

Rodrigo Augusto Fiedler

Rodrigo Augusto Fiedler
Enviado por Rodrigo Augusto Fiedler em 13/05/2019
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