Caldeirão

Vão te queimar.

Sem papas na língua.

Difamar a bruxa.

Internar a louca.

Que teima em ser ela mesma.

Sem as ordens observar.

Vão te queimar.

No caldeirão de magias.

Em suas estranhas manias.

De contestar.

E argumentar.

Não se lembra

do cheiro de enxofre,

de seus inquisidores,

que cansados de seus unguentos,

e argumentos,

na fogueira te lançaram?

O fogo é morada,

da benzedeira desvairada,

de fala inflamada,

intensa e armada,

de feitiços e verdades.

Espelho dagua que te revela,

o que precisa ser velado.

Para os quatro cantos declarado,

a infâmia e mesquinhez,

das vidas cheias de si

e vazias de sentido.

Ana Lu Portes, 04 de outubro, 2023

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 04/10/2023
Reeditado em 05/10/2023
Código do texto: T7901300
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