Narciso

Seu espelho límpido

Te faz mergulhar em sua beleza

Sua potência

E poderio

Seu espelho reflete

O quão superior é

Se acha

E se vê

Visão invertida

Distorcida

Nas trincas do seu ser

Seu espelho borrado

Egoico

Enganado

Esconde

A fragilidade

Que há em você

Finge empatia

Suga o outro

Pra trazer energia a você

Abusa e humilha

Tem inveja e ciúme

E embaça a lacuna

De quem e você

Galante sedutor

De discurso de seda

Até a presa fisgar

E em sua teia se enredar

E aí aniquilar o outro

Num prazer doentio

Da alegria estampada apagar

Porque afinal como pode alguém ser

E se encontrar

Se você em meio a sua perfeição

Não estava lá.

Você e o centro

Criatura birrenta

Ao umbigo fitar

De tanto que se olha

Neste mar de mazelas

Irá se afogar.

Ana Lu Portes, 31 de outubro 2023

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 31/10/2023
Código do texto: T7921000
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