INSÔNIA
Pensamentos
de uma cor cinzenta,
de uma índole espinhenta,
visitam-me
nas horas mortas do meu sono.
Ficam a perambular
pela minha mente,
por corredores,
desvios e frestas,
e qual uma unha incômoda,
mal cortada
e cheia de arestas,
persistem em arranhar
o veludo do meu sossego.
Forçam-me a ouvir
os ecos tortos da rua;
Fazem-me imaginar multidões
na casa até então quieta e nua.
Não sei de onde vêm
nem quem lhes deu a chave
da arca de todos os meus medos.
Mas fazem do meu quarto
um porão sombrio
com armários escancarados
de onde transbordam segredos.