Ferida aberta

Achei no campo minado

Uma bomba de papel

Escrita como uma carta

Que me detonou me anulou

Olhando a lua no céu flutuaria

Como um disco voador

Feito de música

Feito de bebida farta

Feito de comida fria

Um anjo com suas pernas abertas

Sendo pecado

Como sempre acusado

Pelas nossas desventuras

Um anjo com suas asas abertas

Sendo abrigo

Nos protejendo do sujo.

Ainda não te dei bom dia

Hoje o dia é um bom dia

Boa tarde boa noite

Amanhã também será.

Na tua boca meu nome

E um teatro de enganos

Pra agradar meu humor

Enganado sempre estou

Pode ser que o verde

Seja realmente verde

E o amarelo a cor da seiva dos índios

Pataxós, yanomamis

Kaipós, kamaiurás

Os peixes já não estão mais

Nos rios

Suas aguas são metal

Não se pode caminhar

Pelo Édem

Sem guardas costas armados.

Nas redes brotam mentiras

Travestidas de verdades

Ditas um milhão de vezes

A luta continua.

As caixinhas duvidosas

Contam sua opinião

Estatisticas sobre tudo

Números mortos

Cegam de vez quem nao faz questao de ver

Como tirar meu cavalo de vez

Da estribaria, ignorância

Não é hora de arrogância

Sim de luta

Aquele grão de feijão

De arroz na prateleira

E a criança com fome

Sem culpa

Po nossa culpa

E voce foi embora

Como se nada importasse

A estrada vai levar

O teu ultimo ai de vida

O único P de partida que tenho

Pra lamentar

Um pássaro engaiolado

A quem se nega voar

Pensando bem é um crime

Aprisionar seu vôo e canto

Deixe que do meu pranto cuido eu.

É hora de acordar

E planejar uma saída

Aos que precisam de vida

Dê a mão

Aos que exaltam

A morte,

Perdão

Seja branco seja preto

Todos estão de saída

Que vivam em paz então

Nas praias

Ou nas florestas

Nos onibus, nas padarias

Voce ganha

Eu acumulo

Voce corre

Eu chego tarde

Sorriu sem pasta de dentes

Sou um verme

Que consome tua carne

Sofre porque quer

Morre porque está vivo

Sonha acordado

A fantazia do sujo

A moça olha sedenta

Aquele copo vazio

Sem um nome que o preencha

Vento lunar

Soprando em silencio

Levando a vitalidade

Antes que o sol se levante

Moça, tome o seu copo

Durma em paz

Que ainda há sonhos disponíveis.

Cascas sem utilidade

Cebolas sem camadas

Descobertas suas trilhas

Mamãe chorando em casa

Agua e acúcar

Pra despistar a pressào

Ainda sou eu

Com o mesmo e velho assunto.

Guedes

Geraldo Guedes Cardoso
Enviado por Geraldo Guedes Cardoso em 04/02/2024
Código do texto: T7992097
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