Análise

É louco enlouquecer

E por dentro entender

Que aceitar

É só o que sobrou.

Pois é vazio o resto

Até o reflexo

Se apresenta falso indefeso

Sem palavras.

É regar as plantas

Rir do nada acontecendo

Porque se foi o dia

Com todas as suas horas.

E nada útil foi feito

Feito inutilidade doméstica

Domesticando o motivo

É essa a guerra

É essa a ilusão de ser real

A realidade não é real

Mas tem consequências

O motivo da minha urgência

São as urgências perdidas

Flores murchas e caídas

Sem perfume, sem frescor.

E as aguas que caem no meu jardim

Já não são suficientes

Inundam toda minha rua

Mas tenho sede.

Tinha tanto pra dizer ontem

Hoje já passou

As pedras se despediram

Derreteram se fundiram ao tempo.

Folhas em branco

Sem recados cifrados

Dias nos calendários

Datas sem importância.

Apenas uma bebida seria suficiente

Um copo ou uma gota tanto faz

A diferença é o motivo

É o ópio da verdade.

Botei a venda nos olhos

Para não ler no diário oculto

Os verdadeiros motivos

Para apagar a luz com desculpas.

Olha o menino morto

Talvez não fosse a hora

De apagar seus desejos

De interromper seus sonhos.

E o carrasco chegou

Tirou a mascara embebida

Em traição e levou

Vida e sonhos

Mas seu coração ainda não parou

Guedes

Geraldo Guedes Cardoso
Enviado por Geraldo Guedes Cardoso em 20/04/2024
Código do texto: T8046084
Classificação de conteúdo: seguro