quero meu amor à mão
quero meu amor à mão
como o gesto mais frugal
e comete-lo impunemente
seja no ócio ou em ofício tal
que nunca se distinga
o que lhe sejas avesso
mas que se traga ao largo
de todo o meu medo
e que lhe sinta a carne
e uma virtual saudade
porque me seja tanto e farto
pra distribui-lo à vontade
quero meu amor provisório
como a estrela mais precoce
que vive apenas da tarde
o limite da luz que não lhe guarde
e que lhe sinta as entranhas
como um discurso latente
que construa versos na praça
em gramáticas que nem se consente
quero meu amor teúdo
apesar de coletivo
e tê-lo na exata proporção
de tudo que eu não digo
quero meu amor subjetivo
como os adeuses que não dei
e remoê-lo pelo chão da tarde
na imprecisão de tudo que não sei
quero meu amor não meu
mas que se faça variado
e que tenham em mim limite tanto
por tanto que se faça vasto
quero meu amor
sem ilimites
perfeitamente desatado
e que encontre pedras em seu leito
e que encontre leito em seus enfados
quero meu amor desesperado
na falta e na presença
farto pelo que de tanto
gasto pelo que de menos