Utopia

Utopia

Numa vila distante e sem lugar no mapa

Viviam pessoas sem medo da vida

Músicos nas calçadas

Saltimbancos nas praças

ébrios, amigos e os rapazes da bola

papeavam num botequim

de um tal Joaquim

de caneta por sobre a orelha

e bigodes fartos

por sobre um sorriso mais farto

As casas coloridas frente às ruas de pedra

estavam sempre com suas portas abertas

janelas abertas

e cheiravam tortas, bolos, rocamboles

diversos quitutes, muitos doces

de amendoim, de leite e marias-moles

tudo era doce

o ar era doce

e a água também

A Maria Fumaça já não fumaçava mais

mas ali parada onde estava, era brinquedo infantil

despertava lembrança pueril

das viagens longínquas de meus pais

e ela estava impecável

imponente

- Solene ! Eu diria...

Ah, como eu ria

cada vez que eu ia lá

Tinha sorveteria, cinema, floricultura

Praças, igrejas e muita cultura

gente preta, gente cabocla, gente mulata, gente branca

gente alegre, gente feliz, gente triste e gente branda

mas todos diziam bom dia!!! Bom dia !!!

por que lá o sol demorava muito para se pôr

não me lembro de ter ouvido boa noite...

Talvez estivéssemos acima das nuvens

acima do céu

pois onde mais da cachoeira correria mel ?

Só na cidade da alegria

mas que nunca fora fantasia

pois existe num sonho bom que espera um bom dia...

Quero acordar e pensar ser real

aquilo que

tristemente, chamam

Utopia !!!

Rodrigo Augusto Fiedler
Enviado por Rodrigo Augusto Fiedler em 03/07/2008
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