É assim que me vejo

Me vejo um animal dominado

Trabalhando acorrentado, por horas forçadas

Que nada me acrescenta no final de cada dia

A não ser um corpo cansado, sofrido e esquecido

Num canto qualquer de uma jaula revestida

Por falsas paredes de concreto sem vigas...

Me vejo longe dos meus sonhos

E iludida descanso despida de esperanças

No leito da minha dor, onde o meu cobertor

É as sandices pecaminosas de uma política falida...

Exausta, desperto no meio da noite

E vejo que o pesadelo não chegou ao fim

Penso que estou enlouquecendo, pois ainda estou

Acorrentada a normas e regras escravas

Que me abrem feridas não cicatrizadas

Que sangram numa hemorragia incontida

A dor do sofrimento assistido pela indiferença

Que os injustos me apresentam...

Me vejo acordando para mais um dia

E ao me deparar com as mesmas injustiças

Cometidas por tolas regras de uma política egoísta

Desperta em mim o sentimento da ira que tanto abomino.

É nesta arena da vida que me vejo

Um animal acuado diante de uma luta injusta

Onde a ganância dos injustos me desarmam

Tirando-me os direitos de defesa...

É impossível viver em paz

Num mundo em que os homens

Deixaram para trás o paraíso

Para viverem num inferno de ganância e egoísmo

Que tornam os meus sonhos em pesadelos

Onde o mal prevalece me deixando em desespero...

São tantos os sofrimentos que me afligem

Que basta olhar em meus olhos para notar

As nítidas marcas do meu descontentamento.

Nele verás o quanto a minha alma sofre

Ao presenciar uma guerrilha insensata de poder

Que destrói o meu sonho de viver na simplicidade...

Me vejo abatida por regras abusivas

E por impostos sobre impostos

Onde a ganância e a arrogância dos injustos

Me levam a ser um animal faminto, e brevemente

Um animal extinto, finalmente liberto das correntes...