O MENINO



Notei que tinha talento
quando tirava da caixinha
cento e uma bolinhas
que, de todas as cores,
num belo movimento
voavam leves ao vento.


Sem nenhuma alegria,
olhando-me com desalento,
a admitir o porvir turbulento,

ele se aproximou e me falou:
- Tia, me dá um real?

Doeu-me a dor do menino.
Doeu a minha impotência, 

para alterar aquele fato,
o fardo/o fado/
o errado.

Por um momento,
pensei em adotá-lo
(o menino do farol),
mas e todos os demais?

Ele sorriu sem agradecer
e saiu sem nada mais dizer.

Mas suas bolinhas coloridas,

tão mágicas... tão atrevidas,
talvez até desafiando o céu
(feito um debochado véu)
encobriam irreverentemente o sol
e me apresentavam a Vida...


Silvia Regina Costa Lima
23 de janeiro de 2009


SILVIA REGINA COSTA LIMA
Enviado por SILVIA REGINA COSTA LIMA em 25/01/2009
Reeditado em 04/05/2013
Código do texto: T1403537
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