Madrugada

Uma voz, um grito, um estrondo qualquer

andando ao relento na madrugada fria

de inverno cavernoso ouço vozes, gritos,

estrondos. Em cada esquina asquerosa

um ruido, um som diferente, em cada

calçada imunda do tempo um mendigo

deitado, sentado, dormindo.

Em outras ruas, em outras calçadas,

em outras esquinas mulheres desfilam

de mini-saias, decotes ou só de calcinha

e sutiã, quase nuas, mulheres da vida

que devem a vida e se entregam só

de corpo para o mundo porque

alma já não existe mais.

Em cada rua, calçada ou esquina

uma surpresas meninos, garotos,

jovens, crianças se reúnem-se em lugares

alheios e experimentam o vicio de sua

decadência. Na madrugada andando ao relento

ouço vozes mudas, sozinhas, vejo almas sujas,

almas mortas, almas sombrias.

Madrugada na cidade mulheres se vendem,

mendigos dormem acordados, vândalos

fazem arruaça, meninos se perdem

nos prazeres sem sentido da vida.

E as vozes continuam a gritar, com

mais força e mais ainda. As vozes

mudas, vozes de esquinas, de ruas,

de calçadas, vozes de todo canto

da cidade sombria, vários mundos

distintos, num mesmo mundo,

todos iguais e cada um com sua

estrada os buracos nascem e as

vozes gritam de acordo com

a conduta de cada um.

Jânio Lima
Enviado por Jânio Lima em 16/02/2009
Reeditado em 19/02/2009
Código do texto: T1442110
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.