Um adeus à cidade que não me quer

Hoje darei adeus ao asfalto e ao
Céu, pela poluição encoberto.
A partir de hoje,
Dispensarei o carro
Que tanto contribuiu
Para esconder o meu céu...
Direi adeus à cidade grande,
Tão grande que nela me sinto só
Caminhando sobre um salto
Que tanto me incomoda,
Levando na garganta apenas um nó...
O nó da indiferença melancólica e fria
Dos que por mim passam.
Colocarei o pé na estrada...
Quero mesmo é andar a cavalo
Sentir na face o vento, vendo-o
levantar a poeira atrás de mim.
Quero andar descalço,
Dormir na rede sob o luar.
Acordar ouvindo o galo o dia anunciar...
Ao som dos passarinhos, quero,
Alimentar as galinhas, os porcos e,
À todos aqueles que sei bem
O quanto bem me quer.
Quero colher flores silvestres  
Às margens da felicidade
De se viver na simplicidade
De um céu azul celeste,
Onde eu possa
Contemplar o céu estrelado,
Sob o som da velha viola...
Onde, sob a Lua prateada eu possa,
Como as carpas coloridas,
Nadar no lago como ao mundo vim...
Quero ao caminhar,
Caminhar distribuindo sorrisos dizendo:
- Bom dia minha senhora,
Boa tarde ou boa noite compadre,
Mande um beijo meu as crianças e a comadre!
Sim, porque na simplicidade do viver
Nos campos da vida,
Não passamos de comadres e compadres...
Porque amamos a todos com igualdade
Somos diferentes uns para os outros
Apenas nas grandes cidades egoístas
Que não nos querem.