LIXÕES

Nossos resíduos que repelimos,

Jogamos fora por desperdícios,

Escórias que nos livramos,

Por medo de contágios,

Da doença perigosa,

Do mau cheiro que incomoda,

E da presença que não queremos.

Arremedos de homens com roupas sujas,

Mulheres com vaidades machucadas,

Crianças que não sabem nem sorrir,

São, no entanto os acolhedores,

Dos alimentos que jogamos fora,

Enquanto eles só buscam resíduos,

O que não presta, restos, só restos,

Contaminados, sujos, sómente escórias,

Mas que atenuam suas fomes,

Pisam em excrementos, afugentam as moscas,

Repartem com urubus sedentos os pedaços,

Da carne das quais deixamos as sobras,

Restos de frutas podres que desprezamos,

Do açougue que jogou fóra o que não serve,

Ou da peixaria que os clientes rejeitariam,

Por estarem com bactérias que causam distúrbios,

Pois podem até matar, pelos seus descuidos,

Mas eles, em suas fomes desvairadas,

Apreciam como se fossem iguarias.

Jairo Valio

08-05-2009