Vício Eterno

No pódice do pobre vale tudo!

Vale nos cobrar imposto alto assaz

em cada gota d' água que bebemos;

em cada ida e volta que nós fazemos;

em todos alimentos que comemos...

Os cinquênta por cento do calçado

(se não for mais) que nós todos usamos...

Nós pagamos o dobro em todas vestes

(e precisamos delas para não

sermos escarnecidos pelos outros).

E qual o valor que o nosso mister

tem para os poderosos da nação?

O nosso precioso suor desce

e cada gota sôfrega não tem

o mínimo valor pra o empregador.

Dicídio? Não se iluda co'o dicídio!

Ele vem seis por cento no ano inteiro;

enquanto a inflação chega a mais de dez.

E por que nós pagamos pro governo

bem mais de trinta dias de trabalho?

Será que somos tolos, leigos, cegos?

Porque meu travesseiro está molhado,

minha lágrima cai muito sentida,

pois a caneta edaz fez um decreto:

roube dele o descanso à noite inteira;

Não dê folga pra o pobre descansar...

E quem liga pra lágrima da plebe?

Somos nós que sofremos dor aguda...

E eles não sentem nada porque têm

pão sobrando na sua mesa farta.

Mas eu creio no Deus que tudo fez!

Ele levantará o seu cetro rijo

para fazer justiça a todos santos,

fiéis, obedientes e tementes;

Porque nós não seremos heróis... mortos.

14/02/2009 18h08

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 25/05/2009
Código do texto: T1614159
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