Recuso-me

Vejo diante de mim uma arena,

onde degladiam-se as feras,

sedentas de vingança,

com seus egos inflamados,

em alma que se apequena,

em repúdios assemelhados.

Vejo lutas inglórias,

em seres que seriam libertos

de suas angústias amargas,

se olhassem firme e certos

sentindo que o ser humano,

é falível, nem sempre é glória.

Das injustiças um grito solene

ecoa nos quatro cantos do planeta.

São povos massacrados,

crianças colocadas na guerra,

seres que vivem à míngua,

vítimas da fome e das doenças.

Recuso-me a acreditar

que os homens perderam a fé

e que apenas o egoísmo grassa,

tal qual erva daninha

a esmagar os seres oprimidos

em suas vivências,

nem sempre cercadas das condições

mínimas de sobrevivência.

Recuso-me ainda a crer

que nada se possa fazer,

diante de tantas mazelas;

mas confesso que me sinto impotente,

a cada vez que me defronto

com a inconsequência,

com o desvario, com as condutas

muitas vezes brutas,

em que as criaturas se colocam

acima do bem e do mal,

em suas verdades absolutas.

Observando as circunstâncias,

o comportamento do ser humano,

aliado às deficiências

que cada um traz dentro de si,

suas alegrias e dores,

poderia inferir que a raça humana

ainda tem muito a aprender,

pisando alienada sobre espinhos,

buscando o perfume das flores,

por entre atalhos e descaminhos.

"On Namastê"

O Deus em mim saúda o

Deus em você!

Santos, SP

24/05/06

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Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 24/05/2006
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