REALIDADE FATAL NUMA MADRUGADA QUALQUER

O político discursava

prometendo comida e moradia

para todos.

O mendigo gemia com fome e com frio

atirado numa rua qualquer.

A mãe também gemia "de dor", para

parir a criança que nascia chorando.

O músico tocava, com seus dedos treinados,

uma música saudosa, num canto dum bar.

O garçom servia sorrindo, lagostas baianas

com vinho francês, ao cavalheiro de terno

que certamente, lhe daria gorjeta.

O bêbadodormia sobre a mesa

e sonhava com sua amada "distante".

No quarto andar de um grande hospital,

um paciente condenado a morte

por uma doença maldita

tirava sua própria vida.

No primeiro andar desse mesmo hospital

nascia outra criança "deficiente",

enlouquecendo seus pais.

O taxista era morto impiedosamente

pelo assaltante.

O doutor fazia um transplante

prolongando a vida

já gasta pelo tempo.

E o menino estudava p´ra ser doutor...

A água do rio era "misteriosamente" calma.

A cidade "aparentemente" dormia, enquanto;

O menino estudava

O doutor operava

O bêbado sonhava

O taxista morria

O paciente morria

O garsom servia

O músico tocava

O político discursava

E a criança nascia!...

Ao amanhecer;

O mendigo morreu!

O político voltou para casa feliz!

Nós tomamos café e fizemos amor outra vez...

...Que mundo é este?!...

NORBERTO CASTRO
Enviado por NORBERTO CASTRO em 03/07/2009
Reeditado em 23/05/2013
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