REALIDADE FATAL NUMA MADRUGADA QUALQUER
O político discursava
prometendo comida e moradia
para todos.
O mendigo gemia com fome e com frio
atirado numa rua qualquer.
A mãe também gemia "de dor", para
parir a criança que nascia chorando.
O músico tocava, com seus dedos treinados,
uma música saudosa, num canto dum bar.
O garçom servia sorrindo, lagostas baianas
com vinho francês, ao cavalheiro de terno
que certamente, lhe daria gorjeta.
O bêbadodormia sobre a mesa
e sonhava com sua amada "distante".
No quarto andar de um grande hospital,
um paciente condenado a morte
por uma doença maldita
tirava sua própria vida.
No primeiro andar desse mesmo hospital
nascia outra criança "deficiente",
enlouquecendo seus pais.
O taxista era morto impiedosamente
pelo assaltante.
O doutor fazia um transplante
prolongando a vida
já gasta pelo tempo.
E o menino estudava p´ra ser doutor...
A água do rio era "misteriosamente" calma.
A cidade "aparentemente" dormia, enquanto;
O menino estudava
O doutor operava
O bêbado sonhava
O taxista morria
O paciente morria
O garsom servia
O músico tocava
O político discursava
E a criança nascia!...
Ao amanhecer;
O mendigo morreu!
O político voltou para casa feliz!
Nós tomamos café e fizemos amor outra vez...
...Que mundo é este?!...