A Estética dos Desajustados - I

Os Corpos

Somos o lodo sujo das calçadas

Lábios vermelhos de mercúrio,

A essência fálica e o barulho

Aves negras da madrugada.

Somos ébrios loucos tresloucados

Ascendência suma, escorpião,

Vento lâmina sem direção,

Lobos cinzentos e esfomeados.

Somos luzes roxas e bares vazios,

Whisky barato e melodia

Cujo a voz rouca some e adia

Um pôr-do-sol sempre tardio.

Somos fogo-fátuo prematuro

Feitos de enferrujadas grandes cegas

Sem esperanças, calor, ou adegas...

Prodigios desferrolhados e imaturos.

Nós somos os corpos desajustados

Filhos da sujeira banida na estética...

Andarilhos d'uma sociedade esqueletica,

O princípio de uma nova manhã.

R Duccini
Enviado por R Duccini em 14/07/2009
Código do texto: T1698520