A L G E M A D O S
Não sofremos com as doenças,
sofremos com a apatia,
com a indiferença, com o descaso.
Querem nos moldar apressados,
a ferro e fogo,
desacreditando de nossos sentimentos.
Na fornalha acre que se acende,
nos fazem ser estóicos,
ou estúpidos errantes.
A miragem é fictícia,
na fantasma face do preciosismo.
Tratados como espécimes raros,
permanecemos na vitrine
do superficial, do aparente.
O que nos mata,
mesmo antes de morrermos,
são as algemas ingratas
que nos restringem a liberdade.
São Paulo, 30 de julho de 2009.