Natureza morta

aquele vento que tudo carrega

levou dos homens o respeito

arrancou deles o que julgo tão necessário

já não basta a falta de amor

não, não basta

são queimadas

cortadas

expulsas de suas casas

separadas de sua mãe-raiz

esquecidas...

amontoadas

depois...

sob uma panela de feijão

no meio da mata escura

transformadas em carvão

pó...

pouco importa!

há um monte de sem juízo

há sempre um bando de maltrapilhos

maltratando o que é de todos

uma riqueza de mata esquecida

uma nascente de água cristalina

já nem tão pura quanto ontem foi

já nem lembrada como merecia ser

ainda há sol, porque não podemos tocá-lo

pelo menos isso!

se pudéssemos tocar...

ele, talvez

não haveria

***

Inspirada no texto MEU PLANETA GRITA POR SOCORRO... (T1739647), da minha amiga cantadeira, cantadora, encantadora, poetisa, mãe, amor, loucura, mulher, menina, homem, tudo... Ana Maria Avelino - a Aninha.

Beijos carinhosos e recheados de saudade, das nossas cantorias e cervejas!

AnaNunes
Enviado por AnaNunes em 06/08/2009
Código do texto: T1740426
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