O Vendedor Ambulante
Cedo retumbante acordar
Do homem sofrido do povo o levantar;
O sol ainda demoraria a raiar
Mas este homem não podia esperar.
As bebidas na geladeira colocou
Águas e refrigerantes, cervejas,
Morro abaixo o fardo carregou
Sobre fortes duros ombros, vejas:
Sob o despertar do astro rei
O calor molhando-lhe o rosto
- Lá embaixo, ainda chegarei!
Até o mar cujo sal é de gosto.
O azul céu, assim, sem nuvens;
O forte martelar doloroso
Faz do trabalho mais penoso.
- Ó dinheiro, dignidade, tu vens!
Horas inteiras sem descansar
Nem ao menos almoçar
A vender e vender bebida
Que lhe esvazia a vida.
Antes do lento retornar
Deve-se muito rezar;
Incomum não é ser roubado
Ou até mesmo injustiçado.
Mas no horizonte a cor
Já colorida é; anoitecer.
Viagem de volta com valor,
O dinheiro... Isso é viver?