Palavras

Cruzo os dias

em silêncio.

Palavras

ferem a alma.

Palavras

perdem-se

no desconhecido

sem volta.

Palavras

inevitáveis

tornam-se

fatais.

Ainda não é hora;

Ainda há veneno

no copo.

Palavras

doces

não são engolidas.

As amargas

são degustadas

com prazer.

Se o que queres

são palavras,

toma-as:

Compaixão

Esperança

Fraternidade

Ética

Inocência

Segurança

Humanidade

Tira o bolor

e a poeira,

usa-as

como quiser.

Mas não me peça

também o sentido.

Esse ficou perdido

na vastidão dos dias.