Ratos Humanos

Nasce o dia e o sol cuida para que o seu brilho não ofusque os olhos dos desesperados e não corroa o estômago dos que tem fome;

Humanos assim como ratos no esgoto, devoram as sobras como num desfrute à sobrevivência, um mal necessário e saboroso para os que apenas conhecem o banquete dos lixos;

Rastejam como animais irracionais que não são e emprenhados de seus filhotes que já nem crianças são, perambulam pelo imundo e familiar chão;

A liberdade em cárcere privado, onde testemunhas sufocam toda dor, fazem parte deste quadro real que sem opção, escolhem o horror;

De vocabulário ausente, a palavra futuro tornou-se inexistente e na lei das ruas as palavras que conhecem são sobreviventes;

A vida do lado de fora, ao relento dos lares não é piedosa, é fria e vazia como mãe maldosa.

Luciana Corrêa
Enviado por Luciana Corrêa em 10/07/2006
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