Meu pequeno sabiá

Ganhei um sabiá,

Não sabia onde pô-lo,

Ele não me interessava.

Largueio num canto,

Um canto da sala,

O pequeno ali ficou,

Onde passou fome,

Passou sede

Desmaiou.

Noutro dia quis ouvir seu canto,

Mas era tarde, estava morto

O pequeno sabiá.

- Morto! Como?

Era um belo sabiá!

Agora só me resta lamentar:

Os muitos cantos que nunca ouvirei;

Os muitos cantos ainda a cantar;

Os muitos cantos a encantar,

Do pequeno sabiá

Não se preocupem!

É só mais um canto,

Mais um canto que se vai,

Vai com fome, com sede, em miséria.

Quiçá tenha lhe sido mais digno,

A morte

Ao cuidado deste humano desumano.