Com farinha e com afeto

Chamo-me menino e no interior do sertão, moramos numa casinha feita com madeira, barro e palha, minha mãe, meu pai, eu e meu irmão.

Não tenho nome próprio, pois painho não teve como me registrar, por isso me chamam de menino e assim podem me chamar.

Mainha é mulher sofrida, vai na roça colher gravetos pra fazer fogueira e cozinhar o pouco alimento, mulher forte e guerreira, mas que traz no rosto as marcas do sofrimento.

Painho trabalha de sol a sol, não tem tempo nem de descansar, pega tudo que plantou e que colhe levando pra cidade por dinheiro poder trocar.

Esses dias tem sido de muita seca, a colheita vai de mal a pior, mas tentamos manter a alegria, pois Deus quer sempre pra nós o melhor.

Manhã de domingo, painho voltou da cidade, pagou todas as dívidas e trouxe uma saca de feijão pela metade.

Mainha foi fazer farinha... enquanto eu e meu irmão fomos pegar gravetos pra fogueira.

Cai a noite... é hora do jantar, nos reunimos em oração agradecendo a Deus pela farinha misturada com feijão e temperada com as lágrimas de mainha e acima de tudo pela nossa união e por mais um dia.

P S: Esse texto foi inspirado em histórias que conhecemos de famílias no interior do nordeste, bem no meio do sertão, que muitas vezes não têm nem o que comer, mas que mesmo assim, mantêm a fé em Deus e a alegria de viver.

Quero também pedir perdão a Ti Querido Deus por todas as vezes que fui injusto, reclamando de minha atual situação, pois sei que o meu sofrer serve pra minha evolução e que meu sofrimento não se compara ao de algumas famílias nordestinas ou de países pobres como os do continente africano.

Peço ainda que os nossos governantes tenham um pouco de sensibilidade para tentarem pelo menos amenizar a miséria que existe num país tão rico como o nosso.

Aramis
Enviado por Aramis em 15/02/2010
Reeditado em 15/02/2010
Código do texto: T2088377
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