Correntes partidas
Não me peça para olhar para o chão,
Não me faça acreditar na sua compaixão,
Carrego no sangue a necessidade constante,
De lutar contra as armas do senhor dominante,
Sou cavalo que galopa sem arreio, disparo,
Agora é minha vez de acelerar, não paro,
Não me peça pra pisar no freio, lhe sairá caro,
O capitão do mato estalava a chibata montado a cavalo,
Agora o sargento engantilha o fuzil num carro blindado,
Cortei gargantas, corri pro quilomobo, me fartei de quirela,
Subi o morro, bebi água da chuva, mais um morando em favela,
Sua escola rejeitou minha presença: descalço aqui, não !
Hoje fujo da chacota, quero um Nike, chega de pé no chão,
Pergunta ao Imperador: -Quem foi obrigado a erguer essa Nação?