sem título

nos tumores das palavras

na espuma das bocas

na dependência do anti-verbo

na violência dos editais

publicados pelo apodrecer da carne

em todas as paragens urbanas

a peste anuncia-se lenta

às noites que nascem de manhã

nos outdoors tresandam

o olhar inaudível e agoniante

dos espíritos já cadáveres

e os insectos que se repetem

nas mãos de chumbo da mentira

nos comboios de sono

e nas insónias de ferro

nesta Orão xxi

igual ao mar inteiro

por dentro dentro do bico

pequeno do pássaro imenso

imensamente morto

o poema tem que ser

o definhar frenético do corpo

nas contradições sanguinárias

das ruas que correm

entre a sílaba e os olhos

brancos de quem o lê

luis abreu

http://luisabreu.resolucaoinfinita.com

Luís Abreu
Enviado por Luís Abreu em 14/08/2006
Código do texto: T216599