Réquiem pelos Vivos (II)

Ao Jorge Vicente

“São horas do anjo fechar a porta”

Jorge Vicente

Não acredites no uivar do vento

Descendo das fragas da grande montanha,

Nem te deslumbres

Com o olhar da águia

Que no seu vôo ao alto celeste

Te procura hipnotizar

Dizendo que não morres.

A morte sempre fenderá a direito

Levando tudo à sua frente

Os lírios sempre ressurgirão dos escombros

mas tu,

não poderás reinventar a vida que inventaste,

cheia do seu tudo e do seu nada.

Não há eternidade.

e se a houver?

Quem se lembrará de ti daqui a cem ou a mil anos?

Serás silêncio infinito.

Manuel C. Amor

Rio Maior, Agosto, 2006.