A DANÇA DAS ÁGUAS

Águas que sobem, águas que descem

Em vapores flutuam, em tormentas desabam

Águas que descem, águas que sobem

Dos rios pros mares, dos mares pros céus

Águas que brincam, águas que riem

Tilintam nas folhas, gargalham nas gotas

Águas que riem, águas que brincam

Nos pingos no telhado, escorrendo na janela

Águas que esfriam, águas que evaporam

Na dura geada, ou cáustico sol

Águas que evaporam, águas que esfriam

Pelo bico do bule, pelo inverno rigoroso

Águas benditas, águas, às vezes nem tanto

Abençoando a colheita, e inunda sem coração

Águas malditas, águas, às vezes nem tanto

Devastam no tufão, e incêndios apagam

Águas que encantam, águas que animam

O bombardear da chuva, a sede a matar

Águas que animam, águas que encantam

Uma semente fecunda, um broto eclodindo

Límpidas águas, turvas nascentes

Por Deus criadas, pelos filhos descuidadas

Turvas nascentes, límpidas águas

Sabão, óleo detergente, cristalina, insípida, saborosa

Águas agonizantes, águas que sobrevivem

Intenso ataque humano, nas entranhas do planeta

Águas que sobrevivem, águas agonizantes

Homens, mulheres conscientes, respira, ainda, a humanidade.

Wilian Aparecido da Cruz
Enviado por Wilian Aparecido da Cruz em 25/09/2006
Código do texto: T249349