Esqueleto da Cidade

O esqueleto da cidade é uma luz opaca

Que se divide em fragmentos na penumbra

Numa mistura de alguns desconhecidos egoístas

Que pagam caro para dormir em confortáveis leitos

E nas veias secas de sangue, circula óleo diesel

Dezenas de carros amontoados nessas artérias

Cortando de norte a sul essa inquieta fossa

Paraíso deslizante das poças d’água

Que se formam nos becos, depósitos de doenças

Que alimentam tuas veias, tão obscenas

Embarco na condução sem destino que em ti navega

Me desloco como em um tropeço bêbado

Nesse mar cercado de vertigem,

Que na penumbra adormece, salivando na multidão

Do caos sem fim, do vazio impenetrável

Que são o descanso e a tumba de teus ossos

Deslizo em tuas vértebras, adormeço em tua jugular

Mas me expulsas a ponta-pés como se eu não fosse tu,

Cidade enegrecida que planta sonhos de papel

E contamina os meus olhos através da tua fumaça

E te enxergo escurecida, afetada e doente

Pare de se esconder em labirintos, triste cidade doente que me fere!

Reny Moriarty
Enviado por Reny Moriarty em 05/10/2010
Reeditado em 05/10/2010
Código do texto: T2539216
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