Meus 10 anos
Ah! que lembranças que tenho
Do meu céu de brigadeiro
Da minha infância e seu cheiro
Que às vezes ainda sinto!
Que carinho, árvores e cores
Dias em que o mundo inteiro
Era a sombra de um cajueiro
Bons amigos e nada mais.
Parece tão bela a vida
Na época do desabrochar!
Parece mais puro o ar
E tudo tem mais sabor;
A grama é – tapete macio
O céu – uma abóbada de cristal
As ruas – um desafio banal
Nossa casa – uma eterna janela.
Que verde, que sol, que aventura,
Que noites de tanta ternura
Naquela eterna doçura,
Uma ingênua diversão!
O céu sempre um mistério
A mesa de gostos repleta
A mente tão inquieta
Querendo sempre voar!
Ah, visão da minha infância!
Ah, dias daqueles janeiros!
Pequenas casinhas de barro
De suave elegância!
Ao contrário dos lamentos de agora,
Vivia entre piques e bonecas
Da minha avó os agrados
E beijos que o vento me dava.
Livre filha das mangueiras…
Eu andava segura de mim,
Vestida sempre à vontade
– Pés descalços, roupas largas –
Correndo pelo sítio adentro
Andando de bicicleta rosa
Vencendo arames farpados,
Por uma bola ou esconderijo.
Naqueles anos formosos
Ia colher as carambolas,
Mangas e goiabas,
Com todas sempre brincava!
Às lagartixas graça eu achava
Cachorros traziam alegria
Com histórias eu adormecia
E com lambidas acordava!
2006,
Ana Helena Ribeiro Tavares