Manifesto social

Sim, sou negro, sou gay, índio, mulher, pobre...

te agrido de cara, por respirar o mesmo ar que você,

embora não seja eu responsável por tal façanha...

meu espaço é pequeno, mas o aproveito em sua dimensão

interminável em minha alma.

Minha canção toca nas rádios, e eu já o peguei cantando-a,

mesmo sem saber o que ela significa, herança de quem só repete gestos...

Eu também estive presente em algumas revoluções, nas quais,

você foi tão somente manequim apostando em melhorar sua própria

imagem...

Já sumi aos montes, e ressucitei inúmeras vezes mesmo sem você

acreditar.

Sou minoria que grita palavras que exprimem inúmeros desejos

contidos por razões óbvias de hipócritas que insistem em nos calar,

minhas vestes são imperceptiveis, pois não possuem marcas, só

cumprem com a obrigação de eu não escandalizar,

para mim as pessoas são iguais, os sexos são iguais, e até alguns infortúnios que permeiam a rotina de quem vive a amar...

Sim sou tudo que é do ponto de vista "social", irrisório, lixo, diferente,

atrevido e incoerente... mas, não abro mão de ser um nada nesse seu

espaço vazio, sem ninho, sem calor, sem afeto, sem respeito...

não me restaria outra coisa: que não fosse... ser eu mesma!

Ada Mendes
Enviado por Ada Mendes em 01/04/2011
Reeditado em 02/04/2011
Código do texto: T2884274
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