DUAS RUAS

Na rua dos cegos um homem desperta

E engole seu ego sedento de falas

O sol na cabeça é um prego que espeta

E invade as entranhas do homem que cala

Na rua dos olhos uma mulher em tantas

Oculta seu rosto em tantos disfarces

Ah! Ela seria sem o véu uma santa

Entre tantas que trazem uma santa na face

Na rua dos cegos um homem no asfalto

Trazendo vestigios da morte em seu peito

Vagueia uniforme entre sobressaltos

Sonhando com a dama do asfalto...no leito

Da rua dos olhos onde um olhar distante

Traz no seu semblante a mesma feição

Dos sonhos dourados do antes, do ontem

Todos lapidados por tremulas mãos

As mãos que agora na rua dos cegos

Sufoca um ego sedento de falas

Enquanto se envolve nos ultimos pregos

Que a noite recolhe...e depois se cala

Na rua dos olhos...Na rua dos cegos

petronio paes frança
Enviado por petronio paes frança em 27/07/2011
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