DUAS RUAS
Na rua dos cegos um homem desperta
E engole seu ego sedento de falas
O sol na cabeça é um prego que espeta
E invade as entranhas do homem que cala
Na rua dos olhos uma mulher em tantas
Oculta seu rosto em tantos disfarces
Ah! Ela seria sem o véu uma santa
Entre tantas que trazem uma santa na face
Na rua dos cegos um homem no asfalto
Trazendo vestigios da morte em seu peito
Vagueia uniforme entre sobressaltos
Sonhando com a dama do asfalto...no leito
Da rua dos olhos onde um olhar distante
Traz no seu semblante a mesma feição
Dos sonhos dourados do antes, do ontem
Todos lapidados por tremulas mãos
As mãos que agora na rua dos cegos
Sufoca um ego sedento de falas
Enquanto se envolve nos ultimos pregos
Que a noite recolhe...e depois se cala
Na rua dos olhos...Na rua dos cegos