[E a fome?]
Apresentando O Transversal:
“La Folie - Almas que viajam nas asas do condor avistando o mar em azul sem fim que se mistura com o céu”
Perguntei-me vezes sem contar as palavras,
Palavras que em nada eram respondidas
Nem silêncio tantas as perguntas.
Talvez quisesse saber morte, fome
Miséria ou pobreza. [Ou queria mesmo?]
No meio de tanto o silêncio fiquei-me
Sem resposta, sem eco sequer.
A terra é ingrata para quem a penteia
O homem que a despenteia é cínico.
No meio ninguém,
Quem se revolta, morre de estomago vazio,
Quem se cala, vira as costas, esconde-se,
De estomago inchado.
Velhos os tempos das bandeiras
Hoje arrumadas num canto das casas,
As negras da fome bem escondidas,
As brancas da rendição tapam camas,
Vestem tantas noivas [desvirginadas],
As vermelhas querem-se bem sossegadas
Enfeitando paredes lisas de pó.
Velhos os tempos das vozes,
Hoje sedentárias, obesas, bocejos.
Velhos os tempos das bandeiras
Que o vento um dia desfraldou.
“De pé, oh vítimas da fome!”,
Como [?] se as pernas se quebram.
E a fome?
Eu não tenho. Miséria do ter.
Miséria e fome...
[Hoje perdi-me em terra...
Na terra nua do trigo e do milho,
Na terra da fome.]