[E a fome?]

Apresentando O Transversal:

“La Folie - Almas que viajam nas asas do condor avistando o mar em azul sem fim que se mistura com o céu”

Perguntei-me vezes sem contar as palavras,

Palavras que em nada eram respondidas

Nem silêncio tantas as perguntas.

Talvez quisesse saber morte, fome

Miséria ou pobreza. [Ou queria mesmo?]

No meio de tanto o silêncio fiquei-me

Sem resposta, sem eco sequer.

A terra é ingrata para quem a penteia

O homem que a despenteia é cínico.

No meio ninguém,

Quem se revolta, morre de estomago vazio,

Quem se cala, vira as costas, esconde-se,

De estomago inchado.

Velhos os tempos das bandeiras

Hoje arrumadas num canto das casas,

As negras da fome bem escondidas,

As brancas da rendição tapam camas,

Vestem tantas noivas [desvirginadas],

As vermelhas querem-se bem sossegadas

Enfeitando paredes lisas de pó.

Velhos os tempos das vozes,

Hoje sedentárias, obesas, bocejos.

Velhos os tempos das bandeiras

Que o vento um dia desfraldou.

“De pé, oh vítimas da fome!”,

Como [?] se as pernas se quebram.

E a fome?

Eu não tenho. Miséria do ter.

Miséria e fome...

[Hoje perdi-me em terra...

Na terra nua do trigo e do milho,

Na terra da fome.]

Nkisi
Enviado por Nkisi em 06/09/2011
Código do texto: T3203981
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