O INDIGENTE

Despiu-se d’alma pura, cético, indolente;
Impudico, vulgar, tão cínico e casmurro.
Boca boça abriu  num fético sussurro,
            Inconsequentemente.

Trocou o riso pelo mal-humor, contudo;
Mugiu raivoso como um touro entre os estrumes;
Passou o punhal na pedra e lhe testou os gumes
            No couro cabeludo.

Bebeu com sangue o amargo fel coagulado;
Sentiu na pele o cheiro da carnificina.
Pobre, jamais provou do que a vida fascina,
            - O amor lhe foi negado.

Perdeu-se em si. Morreram as ilusões consigo.
E tudo que humanamente ele sente
O faz sofrer a alma no corpo indigente,
            Ao saber-se mendigo.

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Estrofes compostas de três versos alexandrinos
(dodecassílabos)  e um hexasílabo.
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 18/10/2011
Reeditado em 12/11/2013
Código do texto: T3284046
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